quinta-feira, 24 de junho de 2010

Mais um samba no festival

Domingo agora, dia 27, vai acontecer a 4ª edição do festival Samba do Compositor Paranaense. Este festival acontece uma vez por mês, desde março passado. Para cada apresentação são selecionados 7 sambas, e os votos do juri e da plateia decidem qual deles vai fazer parte do CD que será produzido ao final da competição. É a segunda vez que vou participar do evento. O samba que inscrevi se chama "Primeiro tempo", que compus no final do ano passado. Não tenho um áudio dele ainda, talvez tenha na semana que vem. Desta vez, as apresentações vão acontecer na quadra da Sociedade Treze de Maio. Inaugurado em junho de 1888, um mês após a Abolição da Escravatura, numa região que era habitada por negros e que hoje compõe o centro histórico de Curitiba, o lugar oferecia assistência social e promovia a cultura negra entre os escravos libertos.

Rua Treze de Maio, Curitiba. Foto de Pablo Saraiva

Entre os que vão estar lá comigo, concorrendo ao prêmio, tem o vencedor da primeira edição, Gustavo Proença, a cantora e compositora curitibana Clarissa Bruns, que conheci também na primeira edição e que gravou um CD em 2007,  além da Fabiana Lima e do Bruno Andrade, que pelo que pude saber, já há algum tempo desenvolvem juntos um trabalho muito interessante na música. Dos outros participantes eu não consegui informações, vou conhecer mesmo vai ser na hora. Aliás, na mesma hora das apresentações vai estar rolando o jogo Argentina x México, pelas oitavas de final da Copa do Mundo. Apesar do nome do meu samba ser "Primeiro tempo", não vou poder assistir nem o primeiro nem o segundo tempo da partida. Mas a causa é justa. O samba tá bonito, o arranjo na medida, a galera do Grupo Paranapoeta me dando uma força nos vocais, acho que vai dar pra mandar o recado. Depois assisto os melhores momentos do jogo. E que vença quem jogar mais bonito. Na bola e no samba.


Sambas classificados de junho (em ordem alfabética):

Casal companheiro (Cláudio César Peba e Ivo Pereira de Queiroz)

Conselho de amigo (Gusta Proença)

Eterno aprendiz (Julio Morais e Wandeco)

Mal ou bem (Clarissa Bruns)

Morena do barreado (Roze Dobre e Fabiana Lima)

Primeiro tempo (Marcelo Amorim)

Velho espantalho (Luiz Zanotti e Bruno Andrade)

 

Paulinho da Viola canta um pout-pourri com os sambas "14 anos" (Paulinho da Viola e Elton Medeiros), "Jurar com lágrimas" (Paulinho da Viola), "Recado" (Casquinha da Portela e Paulinho da Viola), "Coisas do mundo, minha nêga" (Paulinho da Viola)

sexta-feira, 18 de junho de 2010

Bem-vinda, Adyel

A cantora Adyel Silva, em foto sem crédito

Notas & Trilhas recebeu hoje a visita e um comentário da cantora Adyel Silva. O blogueiro aqui, que já agradeceu a correção que ela fez na informação que dei sobre ela no post "O jazz, a cantora e eu - parte 1", espera ter ganho uma amiga. Porque uma bela voz para incluir entre aquelas que gosto de ouvir já ganhei. Confira você mesmo no vídeo abaixo, extraído do Programa do Jô, a presença de palco e a técnica vocal pra lá de refinada de Adyel Silva.


Adyel Silva canta "Seo Zequinha", música de Renato Consorte e Adyel Silva

sexta-feira, 11 de junho de 2010

Intervalo - Guinga

O compositor e violonista Guinga, em foto sem crédito

A Copa do Mundo começou. Aliás, o primeiro jogo está rolando neste momento, numa tevezinha xexelenta que tem aqui na sala da criação da agência, por onde mal dá pra saber no pé de quem a bola está. Juro que eu não queria falar de outro assunto, tamanho é o meu interesse por futebol e minha empolgação pela Copa da África, principalmente pelo que significa um evento como esse ser realizado lá. Mas vou ter que falar de outro assunto. Ou melhor, vou ter que continuar falando do assunto que justifica este blog: a música.


O violão de Guinga, o clarinete de Paulo Sérgio Santos e a voz de Lucia Helena na "Choro pro Zé", parceria do Guinga com o mestre Aldir Blanc

Ontem fui ao teatro Guaira assistir ao show do Guinga, show comemorativo aos seus 60 anos de idade. Quem conhece a obra do Guinga sabe que suas músicas, além de belíssimas, são de difícil execução. Por isso, ele está sempre acompanhado de grandes músicos. Na noite de ontem não foi diferente. Dois clarinetistas, o excelente Paulo Sergio Santos e o italiano Gabriele Mirabassi, que toca com uma técnica fantástica, com uma sutileza no sopro que deixou a plateia de queixo caído; e os violões do festejado Lula Galvão e do virtuose Marcus Tardelli, que tem no Guinga um fã e grande incentivador. Foi de lavar a alma, o teatro aplaudindo de pé várias vezes e por muito tempo essa reunião rara de talentos. Parabéns, Guinga. Você continua enriquecendo nossa música com melodias e harmonias dignas de um gênio da raça.


O violonista Marcus Tardelli interpreta "Mingus samba", também de Guinga e Aldir Blanc

terça-feira, 1 de junho de 2010

O jazz, a cantora e eu - final

Izzy Gordon, em foto sem crédito

Alguns minutos depois do show terminado, após eu ter curtido muito ficar observando as pessoas irem deixando, aos poucos, o teatro, todas com expressão admirada pelo espetáculo que tinham acabado de assistir, dirigi-me aos camarins. Numa porta atrás do palco vi uma escada que descia. Por ela subiam, alvoroçados, bailarinos e músicos aos montesa. Um pouco intimidado, abordei um deles e perguntei pela Izzy. Era justamente o Sebastian, que sem me dizer nada se voltou para o corredor da escada e berrou a plenos pulmões "- Deniseeeee!!!". Pronto, eu acabara de ser apresentado ao nome de batismo da estrela. Agradeci àquela figura ímpar, que sorriu e se foi. Em dois ou três minutos, eis que ela surge, já sem os figurinos deslumbrantes do show, mas ainda assim belíssima. Demonstrando ansiedade, Izzy pediu pra ver o que eu tinha trazido pra ela, então entreguei a fita, explicando do que se tratava. Ela adorou o presente, e sugeriu que saíssemos dali pra comer algo, ouvindo já a fita no carro dela, um intrépido fusca que tinha na placa as letras SW, que a Izzy, rindo muito, disse ser a sigla de "'S Wonderful", um clássico do jazz americano, composto pelos irmãos George e Ira Gershwin. Eu não conhecia a música, mas isso era o de menos naquela noite encantada.


Diana Krall canta "'S Wonderful", em uma bela versão bossa-nova

Por imperfeição minha, e também por coisas da vida, há muito tempo não falo com a Izzy Gordon. Sei que ela continua cantando, e cada vez melhor. Soube que é dela a voz da Maitê Proença, quando esta canta no filme "Onde andará Dulce Veiga", de 2007. Fomos amigos próximos e nos divertimos juntos durante um curto tempo. Tive o privilégio de conhecer sua família musicalmente iluminada. A mãe da Izzy, Denise Duran, tinha sido cantora. Sim, ela é irmã da Dolores Duran, ou seja, Izzy é sobrinha de uma das grandes compositoras da história da nossa música. Além disso, é filha do cantor Dave Gordon (que salvo erro de memória meu, é de origem jamaicana), e irmã do também cantor Tony Gordon. Enfim, Izzy cresceu sendo acordada na madrugada pela presença em sua casa de alguns amigos ilustres de seu pai, gente como Cezar Camargo Mariano, Cassiano, Agostinho dos Santos, Rita Lee e Wilson Simonal. Dancei com a Izzy no espetáculo "Emoções Baratas" por ainda outras noites. Sempre que podia eu ia vê-la (com a vantagem de já não pagar mais o ingresso) e ficava no mesmo lugar, de onde ela me tirava e me conduzia ao palco onde só nós dois - além, provavelmente, de todos os demais integrantes do elenco - sabíamos que não formávamos um casal aleatório, como os outros que rodavam à nossa volta. E assim, desse jeito meio mágico, o jazz entrou definitivamente na minha trilha sonora.


Izzy Gordon canta "A noite do meu bem" e "O que é que eu faço?", do seu CD "Aos mestres com carinho", gravado em homenagem à tia Dolores Duran