quarta-feira, 29 de setembro de 2010

Ainda somos os mesmos

Antônio Carlos Gomes Belchior Fontenelle Fernandes, em foto sem crédito

Duas das músicas mais marcantes da minha adolescência foram "Apenas um rapaz latino-americano" e "Como os nossos pais", ambas compostas pelo Belchior. Nascido em Sobral, interior do Ceará, Belchior integrou o chamado "Pessoal do Ceará", grupo de compositores e cantores cearenses que conquistou reconhecimento nacional na década de 1970, e que tinha em Belchior, Fagner e Ednardo seus principais nomes. Abaixo, segue uma gravação de "Como os nossos pais" feita ao vivo por Elis Regina. Esta música fez parte do antológico show e disco "Falso Brilhante", de 1975. Certamente, um dos mais primorosos registros da MPB em todos os tempos, para uma das mais belas músicas brasileiras de todos os tempos, nada menos que isso. Um curiodidade do vídeo é que o apresentador, o ator e locutor Reinaldo Gonzaga, esteve trabalhando comigo nestes meses de Ceará.


Elis canta "Como os nossos pais", de Belchior.

sábado, 11 de setembro de 2010

Evaldo Gouveia

Evaldo Gouveia, um dos compositores cearenses de maior sucesso em todo Brasil

Evaldo Gouveia nasceu em Iguatu, interior do Ceará, cidade cujo nome vem da maior lagoa do estado, localizada ali mesmo. Em Iguatu, Evaldo ainda menino já cantava no sistema de som da praça central, mas logo mudou-se para Fortaleza. Aqui, trabalhava na feira e praticava violão. Mais tarde, foi contratado como violonista de uma rádio local e formou o grupo vocal Trio Nagô, com Mário Alves e Epaminondas de Souza. Com o grupo foi para o Rio de Janeiro participar do programa Cesar de Alencar, da Rádio Nacional. Essa participação rendeu ao Trio Nagô um contrato e um programa semanal no rádio. Assim, o grupo passou a ser conhecido nacionalmente, chegando a se apresentar em Paris, em 1956.


Em um filme de 1957, estrelado por Mazzaropi, o Trio Nagô canta "Saudades da Bahia", de Dorival Caymmi.

Nesse período, Evaldo Gouveia começou a compor e teve músicas gravadas por intérpretes importantes da época. Até que conheceu o jornalista e locutor Jair Amorim, capixaba que já era um letrista reconhecido, que tinha no currículo, por exemplo, o megasucesso "Conceição", imortalizado na voz de Cauby Peixoto, música que Jair compôs com o sambista Dunga. Evaldo Gouveia e Jair Amorim formaram uma parceria que em 10 anos produziu 150 músicas, entre elas alguns dos maiores sucessos das décadas de 1960 e 1970, nas vozes de Ângela Maria, Jair Rodrigues, Cauby Peixoto, Agnaldo Timóteo, Maysa, Julio Iglesias e outros. Chegaram, inclusive, a compor o samba-enredo da Portela para o desfile de 1974,"O Mundo Melhor de Pixinguinha", que se tornou um clássico do gênero. O maior intérprete da dupla foi, sem dúvida, Altemar Dutra.

Evaldo Gouveia e Jair Amorim

Jair Amorim faleceu em 1993, em São José dos Campos, interior de São Paulo. Evaldo Gouveia completou 80 anos de idade neste último agosto. Vive em Fortaleza e vira e mexe encontra os antigos e novos amigos e músicos locais. Em uma entrevista recente, Evaldo revelou ter cerca de 40 composições ainda ineditas, e que Paulo Cesar Pinheiro letrou seis delas. É uma referência para grande parte dos compositores e músicos do Ceará, como Fagner, Fausto Nilo e Mona Gadelha. Suas músicas feitas em parceria com Jair Amorim continuam a ser regravadas por artistas como Ana Carolina, Zizi Possi e Emilio Santiago.


Maysa canta a melancólica marcha-rancho "Bloco da Solidão", de Evaldo Gouveia e Jair Amorim