terça-feira, 1 de junho de 2010

O jazz, a cantora e eu - final

Izzy Gordon, em foto sem crédito

Alguns minutos depois do show terminado, após eu ter curtido muito ficar observando as pessoas irem deixando, aos poucos, o teatro, todas com expressão admirada pelo espetáculo que tinham acabado de assistir, dirigi-me aos camarins. Numa porta atrás do palco vi uma escada que descia. Por ela subiam, alvoroçados, bailarinos e músicos aos montesa. Um pouco intimidado, abordei um deles e perguntei pela Izzy. Era justamente o Sebastian, que sem me dizer nada se voltou para o corredor da escada e berrou a plenos pulmões "- Deniseeeee!!!". Pronto, eu acabara de ser apresentado ao nome de batismo da estrela. Agradeci àquela figura ímpar, que sorriu e se foi. Em dois ou três minutos, eis que ela surge, já sem os figurinos deslumbrantes do show, mas ainda assim belíssima. Demonstrando ansiedade, Izzy pediu pra ver o que eu tinha trazido pra ela, então entreguei a fita, explicando do que se tratava. Ela adorou o presente, e sugeriu que saíssemos dali pra comer algo, ouvindo já a fita no carro dela, um intrépido fusca que tinha na placa as letras SW, que a Izzy, rindo muito, disse ser a sigla de "'S Wonderful", um clássico do jazz americano, composto pelos irmãos George e Ira Gershwin. Eu não conhecia a música, mas isso era o de menos naquela noite encantada.


Diana Krall canta "'S Wonderful", em uma bela versão bossa-nova

Por imperfeição minha, e também por coisas da vida, há muito tempo não falo com a Izzy Gordon. Sei que ela continua cantando, e cada vez melhor. Soube que é dela a voz da Maitê Proença, quando esta canta no filme "Onde andará Dulce Veiga", de 2007. Fomos amigos próximos e nos divertimos juntos durante um curto tempo. Tive o privilégio de conhecer sua família musicalmente iluminada. A mãe da Izzy, Denise Duran, tinha sido cantora. Sim, ela é irmã da Dolores Duran, ou seja, Izzy é sobrinha de uma das grandes compositoras da história da nossa música. Além disso, é filha do cantor Dave Gordon (que salvo erro de memória meu, é de origem jamaicana), e irmã do também cantor Tony Gordon. Enfim, Izzy cresceu sendo acordada na madrugada pela presença em sua casa de alguns amigos ilustres de seu pai, gente como Cezar Camargo Mariano, Cassiano, Agostinho dos Santos, Rita Lee e Wilson Simonal. Dancei com a Izzy no espetáculo "Emoções Baratas" por ainda outras noites. Sempre que podia eu ia vê-la (com a vantagem de já não pagar mais o ingresso) e ficava no mesmo lugar, de onde ela me tirava e me conduzia ao palco onde só nós dois - além, provavelmente, de todos os demais integrantes do elenco - sabíamos que não formávamos um casal aleatório, como os outros que rodavam à nossa volta. E assim, desse jeito meio mágico, o jazz entrou definitivamente na minha trilha sonora.


Izzy Gordon canta "A noite do meu bem" e "O que é que eu faço?", do seu CD "Aos mestres com carinho", gravado em homenagem à tia Dolores Duran

12 comentários:

Unknown disse...

Babe, linda essa sua históra "encantada" (usando o seu próprio adjetivo). Essas pessoas musicais têm mesmo uma magia... Também tenho um conto de fadas musical. Um dia, quem sabe, crio coragem para escrever. Beijo

Marcelo Amorim disse...

Já tô aqui querendo saber desse conto aí, Mara! Escreve e me manda, que história boa existe pra ser compartilhada.

Anônimo disse...

Marcelo seu blog é espetacular, show, not°10 desejo muito sucesso em sua caminhada e objetivo no seu Hiper blog e que DEUS ilumine seus caminhos e da sua família
Um grande abraço e tudo de bom
Ass:Rodrigo Rocha

francis disse...

Ei cara! O blog continua lindo; suas andanças pela música, com Izzy. Eu também sinto saudade! Veja o Sol... Abração.

Marcelo Amorim disse...

Rodrigo, que bom saber que você curtiu tanto o que tenho postado aqui. Agradeço muito por você ter externado isso, é um baita incentivo pra mim. Um grande abraço, muito sucesso pra você também.

Marcelo Amorim disse...

Meu amigo Francis, sempre fico feliz com sua visita e as palavras de carinho. Ando com dificuldade de me atualizar com os blogs dos amigos, mas vou ver seu Sol sim, hoje mesmo faço isso. Um abração!

Leila Pugnaloni disse...

adoro s' wonderful; é tão, tão...

maria nogueira disse...

Oi Marcelo!
Adorei a sua história com a Izzy, linda! Olhando a foto me lembrei dela, uma vez fomos a um show no Anhambi eu, você, sua família e a Izzy (se não me engano).
Parabéns, seu blog está ótimo!acompanho sempre que posso.
bjs
Maria

Marcelo Amorim disse...

Leila, você tem um gosto musical muito refinado, isso já deu pra sacar facilmente. Coisa de quem tem sensibilidade e bom gosto, coisa de quem tem alma de artista. Beijo

Marcelo Amorim disse...

Verdade, Maria, fomos sim a um show lá no Anhembi, acho que na Sala Elis Regina, e a Izzy estava com a gente. Muito bom saber que você vem por aqui quando pode. Vamos falar por email, vou te escrever. Beijo

Anônimo disse...

Marceloooooooooooooooo. Nossa, quanto, tenho algumas cartas sua guardada. Poxa, me lembro dessa época com carinho. O Emoções esta voltando com outras cantoras.
Que legal ler isso, adorei.
Izzy Gordon

Marcelo Amorim disse...

Oi, Izzy! Que coisa boa você ter vindo aqui, depois de tempo em que não nos falamos. Tô muito feliz que você tenha curtido o relato que fiz de quando nos conhecemos, pois essa é uma história que gosto muito de lembrar. O “Emoções” vai voltar, né? A Adyel comentou aqui, isso é muito bom mesmo. E foi perfeito a gente se reencontrar bem quando você tá lançando seu segundo CD, quero acompanhar esse grande momento o mais de perto possível. Vamos falando e não sumir mais, ok? Beijo pra você!