sexta-feira, 17 de julho de 2009

Música brasileira x música jovem

Caetano Veloso em foto de Paulo Thiago de Mello

Já que falei em ponte, ao trazer Taiguara ao post anterior, eis um outro nome (fundamental) da nossa música que, na passagem da década de 1960 para a de 1970, também fez as vezes de ponte entre movimentos musicais distintos. Enquanto Taiguara aproximava a poesia revolucionária do romantismo, Caetano fez as honras entre a “música brasileira” e a “música jovem”. Escrevo assim mesmo, entre aspas, porque naquele momento esses termos eram usados para opor uns aos outros, num clima de quase enfrentamento. A distância entre os artistas de cada lado era abissal. Em um corner, os que faziam o que depois passou a ser chamado de MPB, aqui incluídos os bossanovistas, os pós-bossanovistas, os sambistas, os que faziam músicas de protesto, os que enveredavam por ritmos regionais, por aí; no outro, o pessoal da Jovem Guarda, basicamente eles. Entre as duas turmas, os tropicalistas, que seguindo os ditames antropofágicos, se alimentavam de tudo, indistintamente, da sanfona à guitarra elétrica, de Carmem Miranda a Odair José, de Chacrinha a Oswald de Andrade.



Líder do movimento tropicalista, Caetano não só se tornou amigo do trio central da "música jovem" (Roberto, Erasmo e Wanderléa), como acolheu elementos do “iê-iê-iê” em seu trabalho. Aliás, fez isso por sugestão da irmã Maria Bethânia, que viu na Jovem Guarda – tida por muitos como o embrião da música pop brasileira – um caminho para arejar, para energizar a nossa “outra” música. Certa vez, Erasmo Carlos declarou que a Tropicália foi uma espécie de “jovem guarda com consequência”. O fato é que a aproximação entre Caetano Veloso e a música de Roberto Carlos, rendeu belas canções de parte a parte, como “Debaixo dos caracóis dos seus cabelos”, composta por Roberto para o amigo Caetano, então no exílio em Londres, e "Baby", uma delicada e explícita declaração de amor àquela "música jovem". Com a palavra, Caetano Veloso.

5 comentários:

Vivica disse...

Essa 'Baby' é boa demais!

Beijos e bom findi!

P.S.: Torce pro Inter domingo, centenário do greNAL..rs!

ipaco disse...

Muito bom, Marcelo. A foto inclusive ficou muito melhor aqui, menor.

Marcelo Amorim disse...

Vivi, até torci (mesmo sem ter visto o jogo), mas não deu. Seu time tá que nem cavalo paraguaio, na hora h, o bicho refuga :-)

Paulo, foi uma das melhores fotos do Caetano que já vi, essa que vc clicou. Pela naturalidade e pela tranquilidade que você captou da expressão dele.

dade amorim disse...

Caetano é uma das figuras fundamentais da música brasileira. RC é outra, duas vertentes que acabam se misturando e ajudando a mexer o caldeirão. A foto está excelente e os vídeos também.
Beijo pra você.

Marcelo Amorim disse...

Dade, o difícil pra quem como eu pretende, de forma pessoal, traçar um panorâma de 4 décadas de música, especialmente da música brasileira, é conseguir abranger tanta gente boa. Caetanos, chicos, guingas, edus, jobins, etc., gente que frequentemente atinge a genialidade naquilo que faz. Vamos ver o que consigo por aqui. Beijo procê.