terça-feira, 28 de julho de 2009

Toca Raul!

Raul dos Santos Seixas, o "maluco beleza", em foto sem crédito

Nos anos 1970, o soteropolitano Raul Seixas estourou nas paradas de todo o país. Era um dos artistas que mais tocavam nas rádios e que mais se apresentavam na TV. Figura irreverente, amado por uma legião de fãs que o consideram ainda hoje uma espécie de profeta do rock nacional, compôs várias músicas em parceria com Paulo Coelho. Duas delas povoaram minha cabeça naqueles anos de 1974, 1975 e 1976: “Ouro de tolo” e “Gita”.


Raul costumava dizer que foi o primeiro artista da música brasileira a ter problemas com a censura. O debochado "Rock das Aranhas", por exemplo, foi censurado. Mas “Ouro de tolo”, um estrondoso sucesso lançado em 1973, passou. Era uma crítica irônica ao regime militar e seu “milagre econômico”, uma fase de crescimento do PIB brasileiro caracterizada pela realização de grandes obras, mas que na verdade foi forjada à custa de uma crescente dívida social e financeira, que levaria o país à beira do caos nos anos seguintes.

Desde aquela época, era comum nas rodas de violão alguém pedir “toca Raul!”, mas a coisa ganhou corpo de tal maneira que se tornou um clássico entoado em shows alternativos e nas apresentações de muitos músicos conhecidos do rock e do pop nacional. Um dos que mais ouvem o brado é Zeca Baleiro. Ouve tanto que assumiu a brincadeira e, recentemente, gravou uma música chamada “Toca Raul”, disponível apenas no seu site oficial. Para ver o clipe, eis o link: http://zecabaleiro.locaweb.com.br/videos/tocaraul.html


Lançada em 1974, “Gita” igualmente conquistou todas as paradas de sucesso (no vídeo há um pequeno corte na parte final). Foi escrita a partir do livro indiano anônimo Bhagavad-Gîtâ, que traria a revelação do todo, do divino, do que é vida. Depois que a revista Planeta publicou em matéria de capa que no disco do Raul estaria “a resposta para os segredos do universo”, seus shows, na época, passaram a atrair muitos pais que levavam suas crianças doentes para erguê-las diante do palco, a fim de que ele as tocasse e as curasse.

Começando eu já a caminhar na direção da MPB como estilo musical preferido, e me aproximando também de um emergente pop internacional, ouvir os sucessos do Raul Seixas foi, na minha pós-adolescência, o mais perto que cheguei do rock. A propósito, apesar de gostar, mas de nunca ter sido um fã do “Rauzito”, tenho um LP do cara autografado pelo próprio. Como consegui isso é história pra ser contada mais adiante.

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